A mulher levou o moço para sua casa; quando lá chegou, ela lhe perguntou de onde é que vinha. O moço narrou todas as coisas: como ele estava esperando peixe, na margem do igarapé, veio a velha gulosa, levou-o para sua casa, quando ele ainda era menino. Agora já estava velho, branca sua cabeça. A mulher lembrou-se dele e conheceu que era seu filho. O moço entrou na sua casa.(*)
(*)NOTA DO EDITOR — O general Couto de Magalhães rematou esta parte do Selvagem com a seguinte observação sobre as lendas, que, conforme dissemos, foram publicadas em tupi e português e que reproduzimos agora só em português, deixando para fazê-lo nas duas línguas quando publicaremos o Curso da lingua geral, que constituirá a segunda parte da obra:
"Termino aqui a publicação das lendas, apesar de possuir algumas outras, não só zoológicas, como a respeito dos seres sobrenaturais de que se compõe a mitologia dos nossos selvagens.
Creio, porém, que com os textos que aí ficam atingi em grande parte o fim prático que o governo teve em vista com a publicação deste trabalho, o qual foi, como já disse, habilitar aqueles que, por necessidade ou interesse, estão em contato com o selvagem, a ensinar-lhes o português, fazendo a leitura das lendas nas duas línguas.
Mas, além da utilidade prática, há questões científicas de grande interesse para o estudo do homem, as quais serão altamente esclarecidas com o conhecimento dos textos que constituirão a literatura tradicional do homem do período da idade da pedra, estudo em que se acha atualmente o nosso selvagem e em que se encontra o homem em outras regiões do globo.
Como uma ordem dada pelo exmo. sr. duque de Caxias, ministro da guerra, me facilita os meios de coligir essa literatura entre os soldados que são indígenas, prosseguirei no trabalho de colecioná-los tanto quanto o permitirem os outros encargos que me pesam sobre os ombros. Quando publicar o dicionário, cuja confecção já iniciei, e que espero terminar no ano próximo vindouro,