Mais de uma vez, nas palestras do Club da Reforma, V. e alguns dos ilustres membros da redação desse jornal chasquearam a propósito de meus estudos de línguas e antiguidades indígenas.
Apesar dos edificantes comentários que V. tantas vezes fez sobre este assunto, vou publicar a memória que sobre antropologia nacional acabo de ler no Instituto Histórico.
— Como é que um homem prático se ocupa de tais coisas?
Como essa pergunta será feita por muita gente que se supõe com mais juízo do que eu, aqui vai a resposta, que servirá de desculpa a esta publicação.
Em primeiro lugar, não há estudo algum, por mais abstrato que pareça, que, cedo ou tarde, não traga seus frutos práticos.
Em segundo lugar, se é útil estudar, descrever e classificar até a mais miserável planta de nossos campos, ver o mais rude e pobre mineral de nossos montes, muito mais nobre e útil é estudar, descrever e classificar o homem americano, e vou prová-lo.
Em nossa situação de raça conquistadora, nós, que tomamos o solo a esses infelizes e que os vamos dia a dia apertando mais para os sertões, temos o dever, como cristãos, de arrancá-los da barbária sanguinolenta em que vivem, para trazê-los à comunhão do trabalho e da sociedade em que vivemos. E é mais