Mas como ensinar-lhes a língua?
Pela mesma forma por que o fizeram os jesuítas, isto é: começando por aprender a língua deles, e criando meninos a quem obrigavam a falar o tupi, para não se esquecerem. Esses meninos, quando chegavam, a ser homens, eram escolas vivas, porque, possuindo igualmente bem as duas línguas, eram o elo indispensável para aproximar as duas raças.
Os jesuítas antigos começavam por aprender a língua dos selvagens. Homens de bom senso antes de tudo, compreenderam que eles, que sabiam ler e escrever e possuíam hábitos de estudo, deviam primeiro aprender a língua dos selvagens antes de exigir que o selvagem aprendesse a nossa. Se os modernos jesuítas fizessem isso haviam de gozar do respeito e estima de que gozavam os antigos.
Nada há que o grande apóstolo São Paulo tenha aconselhado com mais energia do que a conversão dos gentios.
De aprender línguas selvagens, que é o primeiro passo para cumprir esse preceito, não me consta que nem um se ocupe: duvido mesmo que haja um só que saiba os nomes dos livros onde se pode adquirir esse conhecimento.
Deixemos, porém, isso de parte.
Dizia eu que os jesuítas antigos seguiam o método de aprender as línguas selvagens, para poderem ensinar aos meninos índios o português. Sem o conhecimento de duas línguas, é impossível ensinar uma.
Vai para três anos que o governo entendeu que me devia nomear chefe de um serviço de catequese.
Desde que aceitei o encargo, fiquei na obrigação de empregar os esforços necessários para bem desempenhá-lo, sendo certo que tal encargo era e é gratuito.