Para mim é fora de dúvida que o selvagem do Brasil estava na Idade da Pedra, e, diferindo essencialmente neste ponto dos do Peru, não conhecia a arte de fundir os metais e nem mesmo os distinguia das pedras, como adiante mostrarei.
Que vistas foram as da Província [sic] conservando essa pobre raça em tão grande atraso e no primeiro degrau, por assim dizer, da civilização, enquanto as outras executavam essas arrojadas conquistas da ciência, que fazem o patrimônio do nosso século?
Não o sabemos; mas esse fato em nada autoriza uma conclusão em desvantagem desta porção da humanidade, porque todos os antropologos e, entre eles, o maior dos mestres modernos, o sr. de Quatrefages, são acordes em que existem raças brancas em estado mais rudimentar e bárbaro do que os nossos selvagens, e outras que, por vícios de toda espécie, se degradaram para muito abaixo deles.
Essa Idade da Pedra, pela qual passaram as raças mais adiantadas da humanidade, compreende vários períodos, que dividiremos assim:
1º Desde a criação do homem com seus instrumentos e armas de pau quebradas dos troncos, e de pedra lascada, até os instrumentos de pedra polida.
2º Desde essa idade até à da fundição dos primeiros silicatos, que deram em resultado a indústria cerâmica, a qual tão profundas modificações estava destinada a trazer à vida econômica da humanidade, permitindo o uso do fogo para cozinhar seus alimentos, indústria que foi mais importante para a humanidade naquele tempo do que a descoberta do vapor ou da electricidade o foi para nós.
3º O que vai da data da fabricação dos primeiros vasos de argila até à descoberta da arte de fundir o ferro, que deveu ser empregado muito depois do ouro