O Selvagem

Porque todos os outros elementos indicam que eles estavam ainda em um período de civilização mais atrasado do que aquele que supõe a arte de fundir os metais;

Porque, tendo eu estado em contato com tribos das mesmas regiões, nunca encontrei entre elas o menor vestígio de metais;

Porque, tendo eu feito e mandado fazer escavações em antigos cemitérios indígenas, encontrando quase todos os objetos de pedra ou argila de que eles se serviam, nunca encontrei nem soube que ninguém encontrasse objeto algum de metal, como seria tão natural, e como sucede nos túmulos dos quíchuas, dos astecas e de outras tribos que atingiram a um grau de civilização mais elevado.

Porque, finalmente, a língua tupi, de todas a mais adiantada entre as brasileiras, confunde a ideia de metal com a de pedra; é assim que os metais que viram em nosso poder, ou objetos de metal eles os traduziram para sua língua por palavras, cujo radical era pedra: ouro eles traduziram por ita-jubá (ou pedra amarela); ferro, ita-una (ou pedra preta) ; prata, ita-tinga (ou pedra branca); cobre, ita-juba-rana (ou pedra de amarelo falso) ; os objetos que são entre nós necessariamente de metal têm o mesmo radical ita em sua tradução; por exemplo: faca, ita quice; sino, espada, ita nhaen, ita tacape.

Ora, é muito natural que em línguas de tão fáceis transmutações de vocábulos, como são estas e em geral todas as que como ela estão ainda no período de aglutinação, é muito natural que, se os índios tivessem dos metais uma ideia distinta da de pedra, adotassem para expressá-la um vocábulo próprio.

À vista de quanto fica exposto, concluo: