O Selvagem

os nossos selvagens pela presença de animais em suas aldeias.

Quem visita uma aldeia selvagem visita quase que um museu vivo de zoologia da região em que está a aldeia; araras, papagaios de todos os tamanhos e cores, macacos de diversas espécies, porcos, quatis, mutuns, veados, avestruzes, seriemas e até sicurijus [sucurijus], jiboias e jacarés, eu já tenho visto nessas aldeias onde são alimentados pelos selvagens com acurada paciência. O cherimbabo do índio (o animal que ele cria) é quase uma pessoa de sua família. Tudo isto concorre para indicar que, se a família selvagem do Brasil não havia domesticado uma só espécie, não era por uma aversão à arte de domesticar, e, sim, por outra causa.

III

Ausência de monumentos

Assim como não encontramos o período da pedra lascada e o período pastoril, fatos que nos levam, sobretudo o primeiro, a concluir que a povoação do Brasil foi posterior a eles, assim também não encontramos monumentos.

Dir-se-á que os nossos selvagens não haviam atingido o estado de civilização necessário para tais criações. Não é assim; povos mais bárbaros os têm erguido.

Nas outras nações da América, e nomeadamente no Peru, elevam-se ainda hoje soberbas ruínas; se os selvagens do Brasil não atingiram a civilização dos do Peru, não estavam, contudo, tão afastados que não pudessem ter atestado a sua presença por monumentos, embora mais grosseiros do que os dos peruanos, mas em todo caso consideráveis.

Não os há em parte alguma do Brasil, à exceção dos aterros das bacias do Paraguai e do Amazonas; nota-se