Memórias de um magistrado do império

sob ditado. Não são cartas. São antes gritos de socorro, como este bilhete, de 5 de outubro de 1883, ao seu genro Jacobina; então na Fazenda da Boa Vista":

"Eu estou aqui morrendo todos os dias, e não acabo de morrer. Esta noite foi perdida, em claro, e estou escangalhado! A vista então chegou à última desgraça; com mais um passo estarei cego de todo, mormente para ler e escrever!

Não posso mais..."

Seu do C.

A.

P. S. - A vista fugiu-me de todo. Já não leio! Volte quanto antes; preciso de seu auxílio. Acuda-me!"

A 20 de outubro, últimas letras suas. É uma carta à sua filha mais velha. ("Minha Chiquinha do Coração") seguida de uma outra ao genro: "Meu bom amigo Dr. Jacobina" mas não pode terminar, tem um desfalecimento e termina ditando à sua filha Luiza. Mal pode rubricar o papel com um A, sem caligrafia. No entanto continua a acompanhar a vida da família.

Em carta de 1.° de fevereiro de 1884 o Barão de Ataliba, comunicava-lhe: "constituído seu procurador para levar à Pia Batismal os nossos netinhos venho dar parte que foram ambos batizados a 30 de janeiro último, na Matriz da Conceição". Eram seus netos Albino e Luiz Albino.

O Barão de Ataliba comunicava ainda que se haviam reunido para a festa os irmãos vindos das três fazendas próximas do "Rio das Pedras", do "Morro Alto" e de "Santa Genebra" e que ainda estivera presente o primo Rui Barbosa e Senhora.

A sua vida agora era esta, a de presidir a sua gente que crescia, e havia de crescer tanto ainda, e manter

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