Recebemos aqui a última visita do agente, e depois os oficiais do governo abordaram-nos para ver se estava tudo conforme e — se imaginam os leitores que navegamos fora da baía, a sua imaginação o teria completamente enganado, pois ficamos em frente de Villegagnon por duas horas mortais, flutuando para cima para baixo em ondas que nos chegavam diretamente do azulado Atlântico. Alguma coisa tinha sido esquecida pela esposa do comandante (de mais valor que uma caixa de chapéus), que se verificou ter sido uma grande caixa contendo dinheiro e despachada "expressa" para o Sul; daí a nossa demora.
Já passavam das cinco horas quando transpusemos as gigantescas sentinelas do Pão de Açúcar e Santa Cruz. Os passageiros, com exceção da minha pessoa, de um francês e um lombardo, eram brasileiros ou portugueses. O capitão, natural de Baltimore, tinha renunciado a seus direitos nos Estados Unidos, e se naturalizado brasileiro. Logo chegou a noite, e um forte e revolto mar obrigou-me a ir para o camarote — não antes de ter visto os brasileiros horrivelmente enjoados pelo mar; e tinham todos uma tal aparência biliosa que se podia prever para eles um grau extraordinário de sofrimento no alto-mar.
Cedo, na manhã seguinte, pude ver da janela do meu camarote as montanhas da costa. O mesmo magnífico cenário que agrada tanto os viajantes nas vizinhanças do Rio de Janeiro se reproduzia em todo o trajeto até o Rio Grande do Sul, apenas as montanhas variam de forma, e em alguns lugares as palmeiras são mais exuberantes. Quando me dirigi ao tombadilho, estávamos justamente entrando na linda baía de Ubatuba. Dois navios estavam ancorados; e, tratando-se de um pequeno lugar, havia considerável comércio de café, que era trazido do interior e daí embarcado para o Rio.