latinos nunca foram capazes de compreender Milton). O sr. de Sismondi escreve : "Os homens de valor que Portugal tem produzido dotaram esses país de obras de valor em qualquer ramo de literatura". E, mais adiante: "A literatura portuguesa é completa; assim a julgamos em todos os departamentos das letras". (De la Litterature du Midi de l'Europe, t. IV, p. 262). "A língua portuguesa", diz o sr. Sane, "é bela, sonora e rica", está livre dos sons guturais que achamos ser tão desagradáveis no espanhol; tem a doçura e a flexibilidade do italiano e a austeridade e o poder descritivo do latim". (Poésie Lyrique Portugaise, p. 90, Paris, 1808). Enfim, pode-se dizer que nenhuma outra língua viva, não excetuando mesmo o espanhol e o italiano, se aproxima tanto da língua da velha Roma imperial como a que falam os lusos. Se os brasileiros, possuindo uma língua como essa, souberem desenvolver a aplicação e o gênio necessário a tão grande desiderato, ainda serão capazes, pela criação de uma obra digna deles, de conquistar o respeito e a admiração do mundo.
Não obstante certa classe de literatos conhecer tão pouco a língua portuguesa, esta ainda domina onde quer que existam ou tenham existido colônias portuguesas, não só no Brasil e nas ilhas portuguesas, como ao longo das costas da África e da Índia, da Guiné até o Cabo da Boa Esperança, e deste até o sul da China — estendendo-se a quase todas as ilhas do Arquipélago Malaio.
Como seria interessante ver a luz e a verdade irradiando do Brasil e espalhando a sua influência nesses diferentes climas! Antes, porém, que isso se realize, várias mudanças se devem operar nas condições morais e religiosas do Império.
O clero é notoriamente incapaz. Num dos Relatórios do Ministro da Justiça, não há muitos anos, liam-se as seguintes linhas:
"É notório o estado de retrocesso em que se encontra o nosso clero. Torna-se evidente a necessidade de medidas para remediar