O Brasil e os brasileiros: esboço histórico e descritivo v.2

Plenipotenciário e Enviado Extraordinário da República Argentina, informa que as terras da Confederação Argentina são vendidas de dez mil a 40.000 "patacoons" (11/9 dólar cada um), a légua espanhola (cerca de 7.700 acres). (N. B.: 6 réis equivalem a 1/2 "mill " dos Estados Unidos).

Em nosso país, como na Argentina, os gados vacum e bovino podem ser admiravelmente criados, bem como outros animais que o homem sujeitou ao seu jugo. Café, açúcar, algodão, índigo, quinina, baunilha, tabaco, assim como todos os produtos alimentícios, dão aqui maravilhosamente, constituindo uma fonte de riqueza pública e particular para o Império. Os estrangeiros obtêm facilmente a naturalização. O colono, no fim de dois anos, é de fato brasileiro. Qualquer estrangeiro, igualmente como os colonos, podem tornar-se, passados dois anos, cidadãos do País, desde que façam uma declaração em qualquer Câmara Municipal. Poucos dias serão suficientes, se a naturalização se fizer no nosso Parlamento, que pode considerar os emigrantes como importadores de uma determinada indústria, ou capital, ou como pessoa disso merecedora por seus méritos pessoais. Neste caso, sereis recebidos imediatamente e podereis voltar em breve, como cidadãos brasileiros aos Estados Unidos para importar vossos bens, máquinas e objetos de qualquer espécie.

Se o nosso progresso ainda não atingiu certo grau, se o nosso desenvolvimento ainda se está processando, isso não se deve atribuir a comoções políticas ou perturbações da ordem pública; o povo brasileiro, tão digno e corajoso como qualquer outro, é mais do que nenhum sociável e afável — de uma facilidade de acolhimento que quase pode ser interpretado desfavoravelmente, e que já tem mesmo prejudicado a sua boa reputação no estrangeiro. Se há certa indolência no seu temperamento, há em compensação, um profundo sentimento do dever e da propriedade.

Os cidadãos brasileiros são livres, na ampla acepção do termo. Se nas grandes cidades e vilas vemos em prática todo o nosso sistema administrativo, não é menor verdade que o interior vive mais ou menos parcialmente de acordo com o mesmo sistema, sustentado por esse sentimento do dever e da propriedade e pela tendência que tem de ser gentil e tolerante.

Somos católicos; temos uma religião do Estado; mas não forçamos ninguém a segui-la; a Constituição simplesmente exige que os representantes da Nação a professem; todos os cultos podem ser professados, salvo em edifícios com exterior de templo. A nossa vida municipal tem alguma semelhança com a das coletividades urbanas dos Estados Unidos. De quatro em quatro anos, todo cidadão que possui uma renda de 200 mil réis, ou sejam cem dólares, pode voltar (se não é passível de pena inafiançável), se tem mais

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