seus limites orientais banhados pelas águas de dois oceanos, um país como esse parece apropriado a ocupar um lugar dianteiro entre as nações do Hemisfério Ocidental, desde que os seus ilimitados recursos venham a ser valorizados por um povo inteligente e sua civilização seja apressada por sábias leis.
É satisfatório pensar que, enquanto a maioria das repúblicas que o rodeiam, os membros desunidos da América Espanhola, são sacudidos nas ondas da anarquia, o Brasil desfruta um governo pacífico, sob uma monarquia constitucional, liberdade individual com segurança política, os princípios monárquicos combinados com os direitos populares. Refiro-me a esses aspectos do governo do Brasil porque são garantia superior do progresso nacional e do desenvolvimento das iniciativas da indústria. Não faltam no solo do Brasil as matérias primas necessárias para ele alcançar alta posição entre as nações manufatureiras do mundo.
A porção setentrional do Império não difere fisicamente das planícies do norte da Itália em muitos de seus aspectos. Coberta de matas que se alimentam num rico solo aluvial, regada pelo Amazonas e seus gigantescos tributários, é prodigiosamente fértil. A porção meridional é ondulada, às vezes mesmo montanhosa, e dá origem às águas do Rio da Prata. Um dos picos da Serra dos Órgãos ergue-se ao fundo da baía do Rio de Janeiro a uma altura de 7.500 pés. Pensava-se que esse grande Império, rico em pedras preciosas e em quase todos os metais, desde o ouro até o ferro, inclusive, fosse privado de um produto natural, útil, se não absolutamente essencial, à completa utilização das demais riquezas minerais, que é o carvão; porém uma tal suposição era totalmente errônea, como o demonstraram plenamente recentes investigações.
Um escritor, em número da "Quarterly Review", 1860, menciona, passando uma revista na obra Brazil and Brazilians, a existência de jazidas de carvão situadas a umas 40 milha do mar, na província do Rio Grande do Sul. Era tudo o que se sabia sobre o assunto deste lado do Atlântico até há pouco tempo.
Somos devedores a um nosso compatrício, sr. Nathaniel Plant, de mais amplos informes sobre a posição e os recursos de três diferentes zonas carboníferas por ele estudadas recentemente no sul do Brasil. A maior delas apresenta aspectos de particular interesse, que passamos a resumir para os nossos leitores.
As primeiras notícias desses recursos minerais parece terem sido colhidas por um sr. Guilherme Bouleich, na província do Rio Grande do Sul. Isso parece se ter dado no ano de 1859.
O assunto, porém, caiu no esquecimento até os fins de 1861, quando o sr. N. Plant que, durante vários anos, estudou os