Expedição às regiões centrais da América do Sul v.1

porcos do mato (pecari). Já a carne de todos estes animais se achava cortada em tiras estreitas e exposta ao sol, depois de devidamente salgada.

No dia 16, muito cedo, voltou o coronel. Tinha sabido de nossa chegada à fazenda Monte Santo, vindo logo ao nosso encontro. Chegou numa canoa grande, repleta de mantimentos de toda espécie, com que generosamente nos presenteou. Avaliava ele suas propriedades, ao todo, em vinte léguas quadradas. Elas estão localizadas em plena região dos xavantes, que muitos cavalos e bois lhe haviam matado, sem falar num de seus empregados. Também, para lhes dar caça, havia ele organizado pouco tempo antes uma expedição. O governo nunca se envolve nestas pequenas questões e enquanto a tropa regular vive nas capitais a acompanhar procissões, os habitantes do sertão, entregues a si próprios, organizam bandeiras, se não se acham dispostos a morrer sem defesa às mãos dos selvagens.

À frente de cento e trinta homens, o coronel Ladislau havia penetrado nos aldeamentos dos xavantes, fazendo cinquenta e um prisioneiros, sem contar os que deixou mortos no campo da luta. Os prisioneiros foram repartidos entre os sitiantes da zona. Quanto à bandeira, teve ela apenas um morto e dois ou três feridos e ainda assim por imprudência. Os xavantes têm consigo, como escravos, muitos prisioneiros brasileiros, com os quais usam o máximo rigor, matando-os pela menor culpa ou mais leve tentativa de fuga. Contam ainda que possuem entre seus chefes vários negros e uma mulata, os quais, pelo conhecimento que têm dos lugares, lhes são muito úteis e ainda mais ferozes que eles.

Diversos escravos cristãos tinham sido libertados e trazidos pelo coronel; mas a maioria destes infelizes se achava fora do aldeamento quando ali aportou a bandeira, tendo por isso de ser deixados atrás. Alguns dos membros

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