Expedição às regiões centrais da América do Sul v.1

Prosseguindo na subida do rio achamo-lo mais largo e sempre livre de obstáculos. O grés e o cascalho aglomerado em placas eram a formação em todas as partes onde a observação me foi possível.

A 21 fizemos seis léguas e meia. O grés apareceu em blocos de grandes dimensões e, sob a areia, viam-se invariavelmente camadas argilosas. Durante todo o dia fomos horrivelmente atormentados pelos borrachudos. À noite caiu ao longe grande tempestade, acompanhada de raios; mas a chuva não chegou até nós. Em ambas as margens do rio, avistamos várias vezes as fogueiras acesas pelos xavantes.

No dia 22 o céu esteve muito carregado e nossa jornada foi de seis léguas. Durante este trajeto a largura do Tocantins ainda aumentou. Apareceram, no começo, xistos argilosos muito finos; mais tarde surgiram as argilas, por cima das quais, no trecho final da viagem, apareceram camadas de grés, dispostas em paredes perpendiculares, recortadas de mil maneiras diferentes. Uma enorme capivara foi caçada a lança pelos nossos caçadores. Conquanto estivesse ferida mortalmente, conseguiu alcançar a mata, onde os cães foram lançados à sua perseguição. Voltou então rasto atrás, precipitando-se no rio, onde mergulhou, desaparecendo. Tinha o tamanho de um grande porco doméstico e era de cor ruiva, bastante clara. Ao meio-dia passamos pela embocadura do rio do Sono Grande, em parte escondida por um banco de areia; mais adiante um pouco chegamos a uns grandes rochedos talhados a pique e apresentando grandes escavações em forma de grutas. Acampamos à tardinha, numa ilhota alta de areia. Como o tempo prometesse chuva, armamos as barracas. Não. tardou, com efeito, ouvirmos o ruído surdo do trovão, armando-se em direção a nós grande tempestade, acompanhada de chuva tão forte que em poucos momentos nos vimos encharcados, apesar da cobertura de pano. A tormenta desencadeada

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