desde então os costumes do povo muito melhoraram. Não obstante, continuava-se a considerar o assassínio pecado dos mais veniais, tendo dele quase o monopólio um ou dois dos principais habitantes. Um destes contou-me certa vez: "Quando algum homem lhe dirigir um insulto, o senhor deve fingir que nada percebeu; mas, mandando um negro de confiança à beira do rio, onde, com o calor que faz aqui, é impossível deixar de ir tomar banho, ao cabo de poucos dias o senhor estará vingado".
O tempo passado em Porto Imperial foi gasto em trabalhos de geografia e em estudar a população. Foi necessário providenciar a reorganização da caravana. Não havendo na cidade nenhum ferrador, tive de mandar um soldado ao Arraial dos Carmos à procura de um; mas, como esse homem, em vez de desincumbir-se do trato feito, achou melhor furtar uma das mulas, enviei pessoas em seu encalço e mandei dar-lhe uma pequena sova. Como já ficou dito, tínhamos ficado sem animais de sela; mas todos os esforços foram vãos, para obter alguns em Porto Imperial. Resolvemos, à vista disso, ir procurá-los num grande sítio, situado a dezesseis léguas de distância, Tocantins acima. Os srs. d'Osery e Weddell deviam fazer esta viagem por água, enquanto eu tomaria conta da tropa, que não podia ficar entregue a si própria.
No dia 9 os companheiros prosseguiram então a viagem, ao mesmo tempo que eu mandava libertar os presos, a fim de que se preparassem para a partida, o mais depressa possível.
A cidadezinha em que estávamos, outrora conhecida por Porto Real, possuía antes cento e quarenta casas; hoje não tem mais do que setenta e cinco, para uma população de uns 400 habitantes. A população diminui cada vez mais no interior do continente e se não se descobrir um remédio para este estado de coisas, não tardará muito a que todo o país volte à completa barbárie. Nas regiões das minas,