o empobrecimento generalizado das jazidas fez com que abandonassem as suas moradias todos quantos só a avidez havia momentaneamente reunido. No norte de Goiás, porém, a decadência do país deve ser atribuída a outras causas. Ali, os selvagens vêm retomando por toda parte as terras arrebatadas aos seus ascendentes, e aqueles entre os habitantes, que têm bastante sorte para escapar ao incêndio e ao massacre, fogem para os povoados, onde não tardam a sucumbir de miséria, de doença e de fome, pois o permanente terror dos índios os impede de se dedicarem aos trabalhos agrícolas. Em Porto Imperial o clima é excessivamente quente; o termômetro se conserva quase invariavelmente em 30 graus; exposto ao sol, ele subia rapidamente a 43, ou mesmo 45 graus. A cidade fica situada num campo, cujo subsolo é constituído pelo grés vermelho que tínhamos observado em todo o trajeto feito no Tocantins. As argilas subordinadas ao grés mostram-se em algumas beiradas do rio, acima de Porto Imperial; delas se extrai o material para o fabrico das telhas usadas na cobertura das casas da cidade. A cal usada na pintura das paredes dizem provir dos arredores de Natividade. Garantiram-nos também existir gesso nas vizinhanças.
A largura do Tocantins, medida trigonometricamente neste ponto, era de 434 metros; a velocidade da água orçava por 98 metros em 6,38 minutos.
Durante a viagem tínhamos gasto já quase todos os recursos em dinheiro trazidos de Goiás. Tal circunstância começava a me criar embaraços, quando vim a saber, com alegria, que o nosso velho major, às suas outras qualidades, juntava a de ser também usurário. A ele, por conseguinte, recorri, conseguindo alguns fundos, aos juros modestos de 18% durante três meses.
A 10 de setembro deixamos Porto Imperial, fazendo uma boa jornada. A zona por onde estávamos viajando era sujeita aos ataques dos xavantes, índios cujo nome só