Expedição às regiões centrais da América do Sul v.1

por si inspirava o maior pavor aos raros sitiantes estabelecidos naquelas solidões.

No dia 11 atravessamos bonitos campos, entremeados de capões de mato; tive a oportunidade de admirar algumas magníficas figueiras, de dimensões verdadeiramente gigantescas. À tarde, ao atravessarmos, perto da barra, o córrego de Manuel Alves, tivemos a alegre surpresa de encontrar os companheiros que, por singular casualidade, acabavam de chegar ao mesmo ponto, subindo as águas do Tocantins. Dormimos todos numa bela fazenda, cujo dono estava ausente, chamada Sítio de Roma. No dia seguinte, vencemos rapidamente as três léguas de mata que ainda nos separavam da fazenda Santa Clara, pertencente ao capitão Tomás de Sousa. O furriel Félix era sobrinho deste personagem, mas, por motivos por ele próprio ignorados, não houve meio de fazê-lo nos acompanhar à casa do tio, pelo que nos deixou para voltar a Porto Imperial, em cuja guarnição devia permanecer, por ordem do governo.

Vejamos agora qual foi o itinerário dos companheiros que subiram o Tocantins. Tendo partido, como dissemos, de Porto Imperial, no dia 9, chegaram após um trajeto de cerca de duas léguas e um quarto à Corredeira Comprida, salto digno de nota, cuja subida precisa ser feita com o uso de cordas. Até o salto, o rio manteve a sua largura habitual, mas depois daí começou a estreitar-se muito sensivelmente. A formação, que era até então o grés duro, perfurado de buracos arredondados, como o observado na parte baixa do rio, aqui na cascata era representada exclusivamente pelo granito. No dia seguinte a comitiva acabou de passar a Corredeira Comprida, através de um trecho em que o rio era embaraçado por pedras e pequenas corredeiras, conservando embora sua habitual largura ou 300 a 350 metros. As pedras encontradas no leito do rio são de granito puro, semelhante ao que tínhamos

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