adquirir, mas por fim o capitão nos confessou que do outro lado do rio havia cerca de uma centena, tornados ao estado selvagem e portanto muito difíceis de pegar. O sr. d'Osery reuniu uma meia dúzia de vaqueiros e partiu para lhes dar caça. Fi-lo acompanhar-se de alguns soldados, pois a região é frequentada pelos xavantes. Voltou ele dois dias depois com alguns cavalos, tão magros quanto bravios, mas que nos fizeram pagar bastante caro. Tinham sido pegados a laço. Enquanto isso, uma outra turma tinha saído à perseguição do gado, que também tinha voltado ao estado selvagem, trazendo-nos a carne de um boi, abatido a tiros. Em toda essa região faz excessivo calor durante o dia, ao passo que as noites são comparativamente muito frescas, o que explica a grande quantidade de moléstias nela reinantes.
No dia 15 fizemos apenas duas léguas e meia, obrigados que tínhamos sido a nos deter no miserável vilarejo de Santo Antônio, por causa de uma chuva torrencial, que durou toda a noite. Santo Antônio compõe-se de uma dezena de casas e a estrada que a ele conduz corre em terreno chato de campo.
No dia 16, uma das mulas foi mordida à noite por uma cobra venenosa, correndo a todo galope para o rancho onde dormia o nosso pessoal, derrubando tudo quanto podia se opor à sua entrada. Prostrou-se no chão, caindo de lado, com a boca inchada e muito congesta, o ventre tumefeito e os membros retesos. O animal apresentava de espaço em espaço movimentos convulsivos, fazendo também ouvir uma espécie de grunhido surdo. Os tropeiros trataram imediatamente de administrar contravenenos, embora confiando muito mais nas cruzes e relicários que lhe penduraram ao pescoço. Como de costume, penduraram numa árvore a imagem de Santo Antônio, fazendo-lhe boas promessas para que salvasse a vida do animal. Durante o dia, sendo desesperador o estado da infeliz mula, mandei