Apesar do calor excessivo, a maior parte dos espanhóis usava um grande xale; as mulheres traziam chapéu preto, de forma pontuda, por cima de um pedaço de pano verde, ou branco, que lhes cobria a cabeça.
Os habitantes das classes mais humildes apresentam-se apenas vestidos; os soldados trajam uniforme branco, mas não têm sapatos. Vimos poucos cavalos, mas muitos burros e jumentos, e alguns dromedários, trazidos da África. A vegetação da ilha é das mais pobres; pertence inteiramente ao tipo tropical. Veem-se miseráveis bananeiras, algumas palmeiras delgadas e, de longe em longe, alguns tufos de laranjeiras, bem como uma ou duas dracenas. Havia também cactos cobertos de cochonilhas. Em Tenerife encontra-se com grande frequência, mesmo na Ilha da Madeira, o pássaro tão conhecido sob o nome de canário; todavia, em estado de liberdade ele é muito diferente do que criamos em gaiola. Nas ilhas estes últimos são muito procurados, sendo trazidos da Europa. O canário amarelo de topete, que se perpetua em domesticidade, é uma variedade artificial, produzida pelo clima e pelo cativeiro. Isso prova, de maneira vitoriosa, o princípio da mutabilidade; porquanto, se a importação do pássaro não fosse fato comprovado, ninguém nele reconheceria o fringílida verde de que procede.
À tardinha, afastamo-nos rapidamente dessas montanhas de extravagantes contornos, desses cabeços meio ocultos pela névoa e do célebre pico cujo vértice, acima das nuvens, era quase sempre a única parte visível(1). Nota do Autor
A noventa léguas de terra capturamos uma toutinegra e uma andorinha. Se bem que estivéssemos a cinquenta