Expedição às regiões centrais da América do Sul v.1

léguas da costa africana, cobriu-se o navio de uma areia fina, como se o vento dela se houvesse impregnado ao atravessar o grande deserto. Asseguraram-me que este fenômeno já havia sido observado oitenta léguas ao largo. Numerosos peixes voadores e alguns tubarões, foram os únicos animais que avistamos até o dia 19 quando entramos no porto de Gorée(1). Nota do Tradutor

É certamente essa colônia uma das mais miseráveis de todo o mundo. A numerosa população comprime-se num rochedo quase despido de vegetação; a cidade é pequena e as casas, amontoadas umas sobre as outras, são construídas em rochas basálticas. A cal vem da Gâmbia, onde é fabricada queimando conchas marinhas. As ruas são estreitas e tortuosas, e a casa do governador está situada no largo, em posição agradável. O mercado é bem abastecido apenas de peixe, extraordinariamente abundante nessa costa. Entre os objetos expostos à venda, vi vários produtos do baobabe, tais como, por exemplo, o pain de singe (pão-de-macaco), matéria esponjosa que envolve as sementes e o líber da mesma árvore, o qual é utilizado na Europa, como o da tília, no fabrico de cordas muito resistentes. A população de Gorée consta quase que inteiramente de mulatos e negros; o preto lustroso da pele destes últimos, pela sua intensidade, impressionou-me vivamente, dando também lugar a que um dos companheiros a si próprio incessantemente perguntasse por que motivo haveria Deus feito homens de tal cor. O forte está construído sobre um rochedo talhado a pique de um lado e de difícil acesso pelo outro, principalmente por causa dos 30 graus marcados pelo termômetro.

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