pesada borduna dos canoeiros. A cada passo, detinham-na os nossos guias, para nos contar a história de fatos espantosos, e era com mudo respeito, a desfiar as contas dos rosários, que ouviam os gritos sinistros das aves noturnas, garantindo-nos provirem eles das almas dos que foram massacrados nestes lugares. Os índios nossos amigos narraram-nos também casos tenebrosos. Certo dia, mostrou-nos o velho chefe xavante umas pedras, pretas ainda pela ação da fumaça, contando-nos que, muitos anos atrás, tinha tomado parte numa expedição contra os canoeiros comandada por um seu tio, e que nessa ocasião haviam queimado era fogo lento, amarrando-os uns aos outros, três prisioneiros, entre os quais uma rapariga moça. Desatava o índio em grandes gargalhadas, imitando os gritos daqueles desgraçados e as súplicas da moça. Nesse dia 25, apesar da chuva incessante, matamos diversos veados. O percurso foi de cinco léguas, mas nada de interessante acrescentou-se ao já observado na véspera, no que respeita à formação geológica.

Nas cinco e meia léguas de jornada feitas no dia 26, a canga nos apareceu por vezes em placas, mas, na generalidade dos casos, conservava as formas arredondadas verificadas nos dias anteriores. O caminho era entrecortado de morros, que tornavam a marcha bastante penosa. Próximo ao acampamento, observamos grandes blocos de granito, de superfície arredondada. Consoante nosso costume, tínhamos armado as nossas barracas perto de um córrego; mas não tardou que as sentinelas avistassem uma enorme coluna de fogo avançando em nossa direção, tangida pelo vento. Era um estranho espetáculo o desta extensa língua de fogo e fumaça que marchava através da planície com medonha rapidez; os nossos animais, espavoridos, afluíam para o campo, correndo de todos os lados. Poderíamos, em poucos instantes, assistir à destruição de todo o nosso material e corrermos nós próprios o mais sério