Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

CAPÍTULO XV

VOLTA A GOIÁS PELO SERTÃO DOS XAVANTES.


A aldeia do Peixe fica distante da margem esquerda do Tocantins alguns tiros de espingarda. Suas casas, em número aproximado de setenta, acham-se espalhadas pelo campo, sem nenhuma ordem; toda a população não excede a umas 500 almas. Os habitantes vivem em extrema pobreza, mas nos pareceram bem dispostos. Há na povoação quatro ou cinco escravos, quando muito; o restante da população compõe-se de gente livre, da mais variada cor. Vivem todos do produto das plantações, sob o constante pavor de serem atacados pelos índios canoeiros e xavantes. Peixe não alcançou ainda o título de freguesia.

Armamos as nossas redes numa casa bastante espaçosa e limpa. É nulo o comércio da aldeia, que tendo possuído outrora grandes embarcações na carreira do Pará, teve de suspender essas viagens em consequência dos selvagens. Apesar disso, pessoa empreendedora do lugar tinha em mente restabelecer aquele tráfico, por meio de um grande barco, que se construía no porto. As raras comunicações que esse miserável povoado tem com o mundo civilizado dependem dos barcos que sobem o Tocantins, até a Vila de Palma.

Pela manhã os animais passaram o rio com dificuldade, mas sem nenhum acidente; à tarde ocupei-me em contratar três guias, bem conhecedores do sertão por onde

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