perigo. Em tais circunstâncias era mister agir com a máxima presteza; tratamos de atear logo fogo ao capim que havia em volta de nós, apagando depois as labaredas com o auxílio de galhos molhados na água do riacho, de modo a descobrir uma área suficiente de chão, em frente do acampamento. Custou-nos isso alguns arranhões. Pouco depois, a uns vinte passos de nós, assistíamos ao encontro das duas colunas de fogo, que agora unidas retomavam a sua marcha célere, de maneira a circunscrever em torno de nós um oásis, levando a desolação para os campos distantes. Aos clarões desse incêndio sucedeu profunda obscuridade; mas, por muito tempo ainda acompanhamos com a vista o clarão da queimada, até que ele se sumisse no horizonte esbraseado.
Seis léguas de marcha em caminho bastante acidentado nos levaram, a 27, ao arraial do Descoberto. Começávamos a passar os contrafortes mais orientais da serra de Dona Luísa, nome pelo qual os moradores de Descoberto conhecem a cadeia que separa os afluentes do Araguaia dos do rio Tocantins. A oeste desta serra avista-se uma outra, chamada na zona Serra Azul e também pertencente ao sistema divisório das águas daqueles dois rios. É no alto do espigão chamado dos Picos que se avista o começo da serra de Dona Luísa; para trás desta, a umas dez léguas do caminho, fica a Serra Azul. São, com toda certeza, as elevações destas serras que, com várias depressões, constituem toda a região chamada Entre Rios, ou seja a península limitada pelos dois grandes cursos d'água. Em toda essa região o solo é formado, com segurança, pelo granito soto-posto às cangas, as quais, ordinariamente, se mostram na superfície. Já havia várias horas que estávamos na aldeia e dois dos companheiros não tinham ainda chegado. Ao se aproximar a noite, como aumentasse muito a preocupação que isso me vinha causando, mandei ao