Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

mais agradável e pitoresco do que a sua posição, entre morros cobertos de mata virgem.

Acabávamos apenas de entrar na cidade quando caiu uma de nossas mulas cargueiras, morta de cansaço; já nos acostumáramos, aliás, com os acidentes desta natureza. Paramos um dia nesse lugar, onde as febres estavam grassando com grande intensidade, embora não fizessem número muito grande de vítimas. Pilar possuiu outrora uma população de cinco mil habitantes livres e nove mil escravos; hoje, porém, não deve contar mais de mil e quinhentos habitantes. A cidade é muito bem edificada; as paredes das casas são de pedra e a cobertura de telha; algumas possuem um andar, além do térreo, mas as melhores se acham em ruínas. Nas janelas, em lugar de vidro, usa-se o micaxisto de Traíras. As igrejas, em número de quatro, ocupam outras tantas elevações, que dominam a cidade. A catedral, ou matriz, é uma das mais belas da província; possui três sinos de bronze, fundidos nas vizinhanças, em épocas passadas. É ela muito rica em ornamentos de ouro e prata, tendo chamado principalmente nossa atenção um enorme candelabro, suspenso em frente ao altar-mor. Numa das capelas veem-se os crânios assados para ornar os catafalcos nas grandes cerimônias fúnebres.

As lavagens do ouro, que noutros tempos deram tão grande importância à cidade, estão hoje quase todas abandonadas. As escavações são em geral praticadas na terra vermelha que reveste o cabeço dos morros; mas, lavando-se a terra dos próprios jardins da cidade, pode-se em algumas horas retirar uma quantidade de ouro bastante apreciável (o equivalente a uma ou duas patacas, a pataca valendo aproximadamente um franco).

No dia 10, a perda de vários animais atrasou nossa partida até altas horas do dia; por isso, só fizemos duas léguas e meia, indo acampar na Fazenda Vieira, pequeno

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