Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

sítio localizado em uma mata fechada, e pertencente a um preto velho de Angola, conhecido na terra pelo nome de Mateus da Costa. Esta fazenda não fica situada no trajeto da estrada, mas um pouco à sua direita. O caminho era muito acidentado, tendo sido necessário galgar novamente a Serra do Pilar, que tendo uma direção quase exatamente norte-sul, é cortada pela estrada no sentido aproximado de oeste-sudoeste. A serra serve de divisor entre os afluentes do Araguaia e os do rio Tocantins. A formação visível é o itacolumito, e o gnaisse talcoso, ou o talcoxisto folhado, com a aparência de solevamento pelo granito subjacente.

Os regatos que se transpõem até o ponto mais alto do caminho lançam-se no rio Vermelho de Pilar, o qual, como já informamos atrás, corre para o Tocantins por intermédio do rio das Almas, ao passo que os encontrados depois daquele ponto são tributários do Araguaia, por intermédio do rio Vermelho do Sertão e do Crixás-Açu.

A 11, vencendo enormes dificuldades, fizemos a viagem de Pilar a Carretão; foi preciso transpor uma série contínua de degraus no solo granítico, cuja aspereza era apenas suavizada pela beleza das matas virgens que o vestem nesta região. Nas cinco léguas e meia de trajeto feito, a formação era constituída de xistos talcosos vermelhos, e mais ou menos argilosos. Passamos de novo, ao meio-dia, o espigão divisor entre o Tocantins e o Araguaia. Todas as águas que atravessamos na primeira parte do trajeto correm para o Araguaia, por intermédio do Crixás; as encontradas na segunda dirigem-se todas para o rio das Almas, que é um dos formadores do rio Tocantins. Acampamos mais ou menos uma légua adiante de um sítio cujo dono nos presenteara com algumas canas-de-açúcar. No dia seguinte fizemos ainda uma caminhada de sete léguas, por uma estrada muito ruim, cheia, de subidas e cercada

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