Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

de Goiás suspendessem durante muito tempo as viagens pelos rios da província. Também, em consequência da incrível rivalidade que, sob o deplorável regime da colonização portuguesa, existia entre os governos das diferentes províncias, assim como o Araguaia, ficou o Tocantins fechado à navegação, até a viagem do capitão Tomás de Sousa. Poucos anos depois, o capitão Miguel de Arruda e Sá foi incumbido pelo capitão geral Meneses de reconhecer as nascentes do Tocantins e de descer o rio até Belém do Pará. Afora o interesse geográfico contido nesta expedição, tinha ela ainda por fim procurar exterminar os bandos de índios canoeiros, que desde esse tempo praticavam grandes devastações em toda a zona. Era composta de nada menos de oitocentos homens armados. De começo, verificou ela que o rio Ururu tinha suas cabeceiras a 16 graus e 13 minutos de latitude sul; depois, continuando com êxito feliz a viagem rio abaixo, pôde tornar conhecido todo o curso do Tocantins.

Se procurarmos averiguar as causas que se opunham navegação por esses rios, veremos que elas são representadas tanto pelos obstáculos naturais encontrados nos respectivos leitos, como nas hostilidades dos selvagens e nas vicissitudes do clima.

Entre as dificuldades naturais os saltos e as corredeiras devem ser postos em primeira linha. Já descrevemos com minúcia os obstáculos deste gênero existentes no rio Araguaia; agora limitaremo-nos a referir os que se encontram na parte do Tocantins por nós percorrida. Neste rio as quedas mais fortes são as de Itaboca, Santo Antônio, Lageado e Mares; muito difíceis ainda, embora não tanto como as mencionadas há pouco, são as de Guaraíba, Cunava, Cajueiro, Salinas, Água da Saúde, Praia Alta, Mãe Maria, Três Barras, Santana e Pilões. O salto de Itaboca acha-se num braço estreitado do rio. Num trecho de cerca

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