Expedição às regiões centrais da América do Sul v.2

ele que, por terra, estávamos apenas a três léguas de Vila Maria.

Os homens da nossa comitiva mataram nesse dia uma espécie de porco-espinho, que é conhecida na região pelo nome de ouriço (Hystrix preensilis, Linn.). Este animal vive sobre as árvores, onde se agarra fortemente aos ramos. Em certos lugares, as barrancas do rio apareciam cheias de buracos, feitos, segundo nos contaram, pelos martins-pescadores.

Vimos mais de uma vez os índios fazer fogo atritando dois paus secos, um no outro; nossos canoeiros nos deram até uma lição a respeito deste processo. A única dificuldade real está em procurar o pau que sirva. Usam de preferência o pedúnculo dos grandes cachos do acuri. Cortam-se dois pedaços, talhando um em ponta e desbastando o outro em quatro faces, numa das quais se abre um furo pouco fundo. Apoia-se na cavidade deste buraco a ponta do outro pau e de uma ranhura que desce verticalmente ao longo de uma das faces laterais, fazendo comunicar a borda do orifício com a lâmina de uma faca ou qualquer outra matéria dura, que se coloca em baixo, durante a operação. Terminados estes preparos, basta, para obter fogo, fazer girar rapidamente entre as mãos o pau de ponta, apoiando esta última no buraco existente no outro. Ao cabo de um ou dois minutos, o pó desprendido ao longo da ranhura sobre a lâmina da faca começa a fumegar, pegando fogo.

No dia 17 fizemos uma jornada de cinco léguas, e a 18, depois de um percurso de uma légua e um quarto, chegamos finalmente a Vila Maria.

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