ainda um ou dois práticos, pessoas experimentadas neste gênero de trabalho e que fazem jus a maior ordenado. Assim que a canoa chega ao ponto em que devem começar os trabalhos, o prático desce à terra em companhia de um ou dois camaradas, armados de foice e facão, para abrir uma picada, cujo comprimento atinge às vezes légua e meia. Outras picadas menores são abertas depois, a partir da trilha principal e em todas as direções, a fim de facilitar a volta dos trabalhadores que por acaso se percam. É costume exigir de cada homem, como tarefa diária, doze libras de planta que, uma vez secas, se reduzem a cinco. É fácil juntar esta quantidade, visto não ser necessário muita força para executar o trabalho, que só se torna verdadeiramente penoso por causa da perseguição incessante movida pelos insetos. Uma vez levadas ao Rio de Janeiro, as cinco libras de ipecacuanha garantem ao chefe da expedição um lucro líquido de quatro mil réis por dia e por trabalhador. Apesar do pouco cuidado com que é praticada a extração, não é provável que a planta venha a escassear, visto como de cada pé arrancado nascem outras plantinhas, provenientes das raízes que ficaram no solo.
A baunilha é abundante nos arredores de Vila Maria; mas só se começou a tirar partido de sua existência em 1843. Por ocasião de nossa passagem ela era vendida à razão de três francos a libra.
Várias estradas saem de Vila Maria, ligando-a a Mato Grosso, ao destacamento das Onças, a Chiquitos, a Diamantino, a Cuiabá e a Poconé. Nas imediações de Vila Maria, nos lugares em que não existe pântano, aparece a canga com o seu aspecto ordinário. A serra que se avista a leste, a cerca de uma légua e meia, tem provavelmente a mesma composição que o Morro Vermelho, de Diamantino; pois é esta a mesma cadeia que acompanha a estrada que vai de Vila Maria a Diamantino, e que se tem também sempre à vista quando se sobe o Paraguai.