Parece que em tempos idos eles atravessaram o Tocantins; hoje, porém, permanecem constantemente na margem esquerda.
À lista precedente é necessário acrescentar dois povos que habitam o baixo Tocantins, abaixo da confluência com o Araguaia. Refiro-me aos jundiaís, que habitam a margem ocidental, perto de Itaboca, e aos jacundás; que ocupam a margem oposta e, segundo dizem, possuem tez muito clara. Estas duas tribos estão sempre em guerra uma contra a outra e igualmente hostis aos cristãos; aliás, só muito raramente as conseguem ver os viajantes. O Tocantins muda muitas vezes de nome; suas verdadeiras nascentes formam o rio Uruu; depois ele adquire o nome pelo qual o conhecemos, que novamente perde na parte média de seu curso, para chamar-se Maranhão; finalmente, de São João para baixo, ele readquire definitivamente o nome de Tocantins.
Os rios de que nos vimos ocupando, se bem que se devam considerar de segunda ordem num continente banhado por um Amazonas ou um Mississipi, em outra qualquer parte ficariam entre os de primeira categoria. Pois o Tocantins tem cerca de quatrocentas e quarenta léguas de curso e o Araguaia nunca menos de quatrocentas e vinte. Ora, como este último se reúne ao Tocantins, suas águas percorrem no leito deste último uma nova distância de cerca de cento e treze léguas. Por conseguinte, se considerarmos o Araguaia, que é o braço mais considerável, e talvez o mais direto, como rio principal, podemos dar-lhe um curso total de quinhentas e trinta e três léguas.
Do ponto de vista geográfico, nossa viagem terá conto resultado retificar o traçado dos dois grandes rios de Goiás, traçado que nas cartas mais acreditadas é extremamente defeituoso, sem excetuar as de Brué (1843) e de Arrowsmith (1842).