A gente de Lavrinhas distingue no ouro três qualidades, conforme o lugar de onde o extraem. Assim, temos em primeiro lugar o ouro de córrego, que é tirado de um cascalho que margeia os riachos e vem misturado com seixos de quartzo ou de grés. A profundidade em que se encontra a camada de cascalho varia de doze a trinta palmos. Temos em segundo lugar o ouro de guapiara, que vem misturado com a terra vermelha, ou mais raramente preta, da superfície. A extração deste ouro, por ser muito fácil, deu a princípio grandes lucros; hoje, todavia, a terra está quase completamente esgotada. Em terceiro lugar fica o ouro de pedreiro, que é extraído da serra situada ao sul do arraial; o metal está contido nos pequenos veios ramificados de certa rocha que, conforme a descrição que dela nos fizeram, parece ser um grés. Os filões em que está o ouro são provavelmente de quartzo. A mina, segundo dizem, é bastante rica, mas para ser explorada exigiria muitos braços e água em grande quantidade.
Vamos dar algumas informações geográficas colhidas durante o tempo que passamos em Lavrinhas.
O rio Aguapeí tem suas nascentes mais ou menos dezoito léguas ao sul de Lavrinhas. O ponto em que ele mais se aproxima do povoado fica a sudoeste e dista ainda onze léguas deste último. As nascentes do rio Alegre ficam muito para sudoeste. As cabeceiras do rio Aguapeí distam apenas uma légua do rio Alegre; mas os dois rios não tardam em rumar para direções muito diferentes. Contaram-nos que uns sessenta anos atrás tentou-se fazer passar canoas de um destes rios para o outro. O varadouro era de quatro léguas, e não de 1.200 metros, como dão a supor as cartas; todavia, essa via de comunicação não foi utilizada depois, por causa da pouca água que tem o Aguapeí.
As nascentes, tanto do Jauru, como do Guaporé, ficam nos campos dos Parecis, cerca de vinte léguas a les-nordeste