nitidamente com a cor pardo-avermelhada da massa de pudingue.
Todas as águas que atravessamos durante o trajeto do dia 6 correm para o rio Guaporé. O ribeirão do Cágado, que, como ficou dito atrás, nasce perto da Estiva Velha, corre sempre ao sul da estrada. O ribeirão das Pedras, que recebe o das Pitas e o de Lavrinhas, passa a noroeste do caminho, e entra no Guaporé mais ou menos uma légua acima da ponte da estrada de Mato Grosso. Lavrinhas é uma aldeola formada de casinhas esparsas à beira da estrada, numa extensão de um quarto de légua, ao longo das margens do córrego do mesmo nome. Em tempos passados, esta aldeia era muito populosa, graças ao ouro que se extraía dos riachos da redondeza; hoje, porém, visto que os trabalhos de mineração, apesar da abundância do mineral, tiveram de ser suspensos por falta de escravos, ela está em completa decadência. Faz uns cento e quatro anos que o ouro foi descoberto na região, dando lugar à fundação do povoado, o qual é o centro da freguesia a que pertence o Registro do Jauru. Tem Lavrinhas cerca de quarenta e cinco casas e cento e vinte moradores; possui também uma capela, mas sem padre. A autoridade civil é representada por um delegado do juiz de paz, chamado inspetor. Em toda a freguesia, conforme nos contaram, não há mais do que uns duzentos e quarenta habitantes.
Tínhamos acabado de montar o teodolito e começávamos a fazer as nossas observações, quando, de repente, um dos mulatos que nos rodeavam gritou que tínhamos parte com o demônio, fazendo com que todo o mundo corresse para longe aos berros.
Como já o dissemos, a formação geológica em que assenta o arraial é a canga com granulações grosseiras de quartzo.