rio Alegre, que se atravessa de canoa; segue-se depois pela margem direita do último rio, até o Sítio do Bastos, distante mais ou menos uma légua; daí, uma caminhada de três léguas e meia na direção sudeste leva de novo às margens do rio Alegre, que se atravessa ainda uma vez. Deste ponto até Casalvasco há umas duas léguas, visto como a distância total entre Mato Grosso e a última localidade é de oito léguas e meia a nove.
Embarcamos numa grande canoa tripulada por soldados, que nos tinham sido cedidos pelo comandante da fronteira, o tenente-coronel Anselmo Barros, assim como uma canoinha de caça.
Depois de subir mais ou menos uma légua e um quarto pelo Guaporé, entramos no rio Alegre, que tem pouca largura e é de aspecto muito pitoresco, com a sua infinidade de plantas aquáticas e o número sem conta de troncos derrubados que lhe obstruem a passagem. Em certos pontos os cipós atravessam por cima do rio de um para o outro lado, de modo que era preciso nos curvarmos todos dentro do barco, para passar. Isso era particularmente notável junto à foz do rio, que seria impossível descobrir sem o auxílio de guias experimentados. Havia já bastante tempo que andávamos à procura de um pássaro daquelas regiões, o curioso cefalóptero. Ele se parece muito com o corvo; mas tem as penas do alto da cabeça dispostas à maneira de um verdadeiro guarda-chuva natural. Várias vezes nos tinham falado dele em Vila Maria, onde é conhecido pelo nome de "pavão-preto". É encontrado no rio Cabaçal e em alguns outros afluentes do alto Paraguai. Em Vila Bela de Mato Grosso todos o conheciam, dizendo que era quase certo o encontrarmos no rio Alegre. Com efeito, certa tarde, ouvimos um grito forte, comparável ao mugido de um boi, e não tardou que víssemos passar pelo rio o pássaro que tanto procurávamos; mas ele entrou logo dentro do mato, pondo-se a salvo dos nossos caçadores.