semelhantes pela comparação das aves das duas regiões".
Uma das mais interessantes excursões feitas por Mr. Bates foi a subida do rio Tocantins — cuja foz fica a umas quarenta e cinco milhas da cidade do Pará. Ela foi tentada duas vezes. Na segunda ocasião — estando nosso autor em companhia de Mr. Wallace — os viajantes penetraram até às cachoeiras de Arroios, a umas 130 milhas da foz. Este distrito é um dos principais lugares de colheita da conhecida castanha do Pará (Bertholletia excelsa), que é aí muito abundante, vendo-se suceder os bosques destas esplêndidas árvores que crescem muito acima das outras, com os "seus frutos lenhosos, grandes e redondos como balas de canhões, pendentes dos ramos". A arara azul (Ara hyacinthina) é outra maravilha natural que foi encontrada aí pela primeira vez. Esta esplêndida ave, que casualmente é trazida viva para os jardins zoológicos da Europa "só ocorre no interior do Brasil, dos 16° de latitude S. até à margem sul do rio Amazonas". Seu bico enorme — que deve maravilhar mesmo a pessoa menos curiosa — parece adaptado a permiti-la alimentar-se das nozes da palmeiras mucujá (Acrocomia lasiospatha). "Estes caroços, tão duros que dificilmente podem ser quebrados com um pesado martelo, são reduzidos a polpa pelo poderoso bico desta arara".
A última parte do livro de Bates é dedicado principalmente a sua residência em Santarém, na junção do Tapajós com o curso principal, e ao seu inventário do Alto Amazonas ou Solimões — cuja fauna, como veremos agora, é em muitos pontos, muito diferente da da parte inferior do rio. De Santarém — "o povoado mais importante e mais civilizado sobre o Amazonas, entre o rio Negro e o Pará" — fez Bates o seu centro de operações