profundo interesse que eu e meu companheiro, que víamos e examinávamos agora, pela primeira vez, as belezas de uma região tropical, mirávamos a terra onde eu, afinal, passei onze dos melhores anos de minha vida. Para os lados do nascente a região nada apresentava de notável, mostrando-se levemente ondulada, com seus montículos de areia, onde apenas se viam algumas árvores esparsas; mas ao ocidente, estendendo-se para a foz do rio, podiamos ver, pelo óculo do comandante, uma extensa orla de floresta que parecia erguer-se das águas: era um denso maciço de árvores gigantescas, a princípio formando grupos, depois aparecendo como árvores separadas que se esbatiam com a distância. Era a linde, nessa direção, da grande selva primitiva, característica da região, que guarda em seus recônditos tantas maravilhas e reveste toda a superfície da região, numa extensão de duas mil milhas, desde esse ponto até à falda dos Andes.
No dia seguinte, com branda viração, e em parte auxiliados pela maré, subimos o rio Pará, navegando o dia e a noite. À tarde passamos por Vigia e Colares, duas aldeias de pescadores, e vimos muitas canoas de nativos, que pareciam brinquedos sob as arrogantes muralhas da floresta escura. O ar estava excessivamente abafado, o céu carregado e os relâmpagos que quase sem cessar iluminavam a fímbria do horizonte, pareciam uma saudação a propósito no limiar de uma região bem sobre