igualmente nociva essa riqueza aurífera. Acreditava possuir fontes inesgotáveis, como o indica a legislação mineira. Assim, a administração pública foi abandonada, o luxo e a concussão aumentaram, enquanto o exército e a marinha, maltrapilhos, permaneciam na indisciplina e sofriam perdas irreparáveis.
A administração não melhorou nem com a diminuição do ouro nos anos seguintes, pois foram mantidos todos os estabelecimentos onerosos, criados na época das grandes riquezas. Como consequência inevitável, vieram as dívidas, que aumentaram progressivamente. A grande soma de 161 milhões de cruzados foi gasta inutilmente e a divida pública, por ocasião da independência do Brasil, orçava já em 64 milhões de cruzados.
É fora de dúvida, também, que a maior parte da grande quantidade de ouro produzido, que se elevou a 974.329.040 cruzados, ou sejam, 649.486.026 2/3 reichstaller, se escoou igualmente para Portugal, porque a todas as nações estrangeiras era vedado o comércio direto com o Brasil, o qual deveria adquirir da métropole todos os artigos de consumo. Além disso, era-lhe também proibido desenvolver a cultura do algodão e incrementar a fabricação de tecidos. Portugal, que pouco cuidava da indústria, porque podia comprar os artigos manufaturados mais barato no estrangeiro do que em seu próprio território, cedeu seu ouro tão abundante em troca de mercadorias de luxo, continuamente substituídas por outras novas.
Por dois canais principais se escoava o ouro: um, que se dirigia para as Índias, outro para a Inglaterra. O pequeno valor que se dava às moedas no interior concorreu ainda para esse escoamento, que se tornou tão considerável a partir da época em que o Brasil abriu o seu comércio a todas as nações, que hoje já não se encontra mais metal, nem nesse país, nem em Portugal.