sem resposta o articulado de Tito Franco, senão também para revigorar a identificação do autor da réplica a esse mesmo articulado.
Quem folhear o exemplar da Biografia do Conselheiro Francisco José Furtado que pertenceu a D. Pedro II, e hoje se encontra na biblioteca do Instituto Histórico, vendo-lhe nas páginas, à margem, as numerosas notas autógrafas em que o Soberano procura esclarecer ou retificar certos episódios, justificar certos fatos, terá a sensação de uma luta corpo a corpo do criticado com o seu crítico em procura da verdade.
O livro de Tito Franco, desde muito esgotado, indispensável entretanto para o estudo do nosso passado político, esteve algum tempo quase esquecido; ao ser descoberto, porém, por morte do Imperador, o volume anotado, uma nova fase de curiosidade e de interesse abriu-se para ele. Não foram poucos os estudiosos da nossa história política que acorreram a consultá-lo.
Joaquim Nabuco foi dos primeiros. Na sua grande obra — Um Estadista do Império — leem-se repetidas referências às "Notas do Imperador".
A presente edição do livro de Tito Franco de Almeida, já por si precioso, reunindo ao texto as ricas anotações de D. Pedro II, tem duplicado o seu valor, e torna acessível ao conhecimento de quantos se voltam para as coisas da nossa história política um debate interessante — de um lado o publicista, de outro o Monarca — em torno de um tema tão controvertido da crítica constitucional do Antigo Regímen, como é esse do poder pessoal do Imperador.
CARLOS PONTES
Rio - Dez. - 1942.
Observação:
As "Notas do Imperador" vão enumeradas de 1 a 126. As notas assinaladas por asteriscos são de Tito Franco.