O Conselheiro Francisco José Furtado: biografia e estudo de história política contemporânea

Ouro Preto, nem por isso deixou de ter uma régia compensação. Veio ele na legislatura imediata, já em pleno domínio conservador, deputado geral pela província de Goiás, de onde não era filho e onde não dispunha, provavelmente, de eleitorado.

Há ainda na biblioteca do Instituto um exemplar da obra de Mello Mattos, numa de cujas páginas, página de rosto, se lê, redigido de próprio punho um novo depoimento de outro ilustre contemporâneo do caso, o Conselheiro Tristão de Alencar Araripe, que diz o seguinte: "Histórico deste livro. Em 1867 o Dr. Tito Franco escreveu uma biografia do senador Francisco José Furtado, que acabava de presidir o Ministério liberal de 31 de agosto de 1864. Nessa biografia imputa-se ao Imperador a mudança de situações políticas por mero arbítrio, e sem fundamento constitucional. Doeu-se o Imperador da arguição, e anotando um exemplar dessa biografia o deu ao Visconde de Bom Retiro e ao Marquês de Sapucaí, para que alguém, quiçá por suas notas, refutasse o escritor liberal.

Para isso foi procurado o Conselheiro Antonio J. Ribas, que declinou do encargo. Já se sabe que a incumbência não trazia patente a imperial vontade; incitava-se apenas o sentimento de justiça para uma defesa patriótica. Não aceito o encargo, foi a proposta ter às mãos do Dr. Mello Mattos, que escreveu este livro.

Foi-me isto referido na sessão da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro de 22 de agosto de 1889 por pessoa que o ouvira do próprio Visconde de Bom Retiro."

Os dois respeitáveis depoimentos, o de Ouro Preto e o de Alencar Araripe, apesar de divergentes em certos pontos, divergências que não lhes alteram a substância, servem para demonstrar não só a preocupação que dominou as altas esferas do poder de não deixarem

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