rarefeito no interior do país. O gado era o principal meio de intercâmbio, que saldava as operações de simples troca. A moeda, portanto, refluía para a costa.
Havia, por conseguinte, três zonas distintas: as cidades comerciais do litoral, onde se realizavam as transações e existia numerário; a região agrícola, sem necessidade de dinheiro, vivendo dos seus próprios recursos naturais e tendo no gado um elemento auxiliar das trocas; e os distritos mineiros, em que os trabalhos agrícolas eram praticamente nulos sendo os meios de subsistência quase todos importados das grandes propriedades circunvizinhas e pagos em pó de ouro, a única produção local.
Tal a situação no momento em que D. João — Príncipe Regente por causa da demência da Rainha D. Maria — deixou Lisboa, fugindo às tropas vitoriosas de Junot.
Mil problemas novos teriam de ser solucionados em curto prazo, decorrentes das exigências criadas pela transferência da corte para o Brasil, cedo elevado a reino, bem como das quase insuperáveis dificuldades decorrentes da legislação em vigor.
Encaremos apenas o lado econômico dos fatos.
Fazia trinta anos que a produção das minas de ouro entrara em decadência. Como proteção ao comércio e à indústria metropolitanos, era proibido estabelecer no Brasil fábricas de qualquer natureza, salvo as de tecidos de certas fazendas de algodão da mais ínfima qualidade. Os transportes efetuavam-se penosamente em navios portugueses, sendo monopólio absoluto de seu pavilhão. O padrão de vida dos habitantes da Colônia, mesmo os que pertenciam às classes mais abastadas, era infinitamente inferior ao dos refugiados europeus.
O Príncipe Regente fizera-se acompanhar de sua corte e de seus serviços administrativos, com todas as