A política monetária do Brasil

Essa resistência de sua obra ao tempo parece-nos ser devida à seriedade com que Calógeras tratava as questões que o apaixonavam, fosse por dever de administração, por força de honestidade intelectual ou por imperativo de ordem moral.

O grande estadista do período republicano é sempre atual.

O livro, ora apresentado ao público em tradução portuguesa, é testemunho do que acabamos de afirmar. O leitor verificá-lo-á.

Nos dias presentes — quando a inflação está destorcendo valores tangíveis e minando a própria ordem social, a advertência do grande Ministro da Guerra de Epitácio Pessoa ao comentar o Projeto Monetário do Presidente Washington Luís — deveria ser lema de nossos homens públicos:

"Não olvidemos, entretanto, que a base de todos os projetos é o saneamento da vida orçamentária".

(Res Nostra — São Paulo, 1930.)

Arguto pensador e conhecedor de nossas condições econômicas, não desconhecia a influência depressiva da política de "fiat money" sobre o câmbio de um País, cujas exportações consistiam, então como agora, em três produtos primários que perfazem quase 90% do valor global de nossas vendas ao exterior: café, algodão e cacau.

Calógeras — familiarizado, como poucos, com nossa história monetária — percebeu que, para o nosso caso, a política do Deficit Spending encontraria obstáculo intransponível na própria estrutura econômica de país pobre de capitais e vulnerável, em extremo, à conjuntura dos grandes países industriais.

Ele testemunhara a ameaça que, à nascente Caixa de Conversão, se tornara a crise financeira de 1907-1908, provocada, remotamente, pela economia norte-americana

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