e profundo pesquisador Afonso d'E. Taunay quando fez da Narrativa um resumo que publicou Na Bahia de D. João VI (Bahia, 1928) pôde apenas informar-nos: "aproveitando-se em 1795 das dificuldades da Holanda, então às voltas com os exércitos da Revolução Francesa, passou a Inglaterra o gadanho a Ceilão e à Colônia do Cabo( ... ). Para a Cidade do Cabo afluíram muitos comerciantes britânicos com enorme cópia de mercadorias. Em 1801 correram os boatos de próxima paz entre a Inglaterra e a França e da devolução da Colônia aos legítimos donos, o que sobremodo alarmou vários destes negociantes. Anteviam a entrega dos bens aos holandeses mediante uma indenização( ... ). Assim assustados resolveram enviar os seus estoques a outros escoadouros, despachando navios para o Rio de Prata, Mauritius, etc. Estava entre estes comerciantes Thomas Lindley, moço de 30 anos, casado, homem de boas letras e suas tinturas de ciências e medicina".
Nada mais que isto compendia Taunay. E nem isso nem nada, instruem acerca de Lindley as biobibliografias e as enciclopédias inglesas que pudemos consultar.
Veio o autor da Narrativa dar com o seu brigue no porto da Bahia, necessitando a embarcação de reparos, e não tinha para pagar o custo destes senão mercadorias que, entretanto, se via proibido de desembarcar. Deparou-se assim diante de uma contingência moral e legalmente irremediável. Todavia, sem dizer como, ao fim de um mês de estada no porto da Bahia, conseguia afastar todas as dificuldades e singrar, com o navio consertado e pronto. Bem vemos de que habilidade devia ter-se socorrido.
Foi demandar Porto Seguro onde, estimulado com os sucessos iniciais na burla a leis e inibições, não demorou de entabular com os filhos do ouvidor da Comarca um negócio, que era duplo contrabando: — de importação de mercadorias estrangeiras, e de exportação de pau-brasil; e mais um adendo de interesses em compras de ouro e diamantes.
Houve denúncia. O governador Francisco da Cunha Meneses tomou prontas e enérgicas providências. A Porto Seguro foi enviado o desembargador Cláudio José Pereira da Costa que chegando de surpresa ao Porto Seguro pôs o inglês sob custódia.