Entre as várias pessoas que acompanharam Tomé de Sousa incluía-se um grupo de jesuítas, sob a direção de um superior, o Pe. Manuel da Nóbrega, dos mais esclarecidos e sagazes membros daquela Ordem. Graças às sábias medidas desses padres, Os índios, exasperados, foram em breve apaziguados; a maioria deles recebeu o batismo, e os colonos tiveram as mãos livres para os seus trabalhos e para a construção de São Salvador, nome dado por Tomé de Sousa à projetada cidade.

A baía de Todos os Santos oferece acesso pelo sul, sendo formada por uma grande península da terra firme e pela ilha de Itaparica, estendendo-se para noroeste por entre ilhas distantes e um braço interno de mar, na extensão de um grau, e recebendo as éguas de seis grandes rios: o Paraguaçu, o Seregipe, o Jaguaripe, o Matuim, o Parnamirim e o Parajá, navegáveis em quase toda a sua extensão.

A baía propriamente dita tem três léguas de largura na sua extremidade, doze de diâmetro e trinta e seis de circunferência, excluídas as ilhas ou sua parte mais remota.

Da barra ao largo do forte de Santo Antônio, nos confins da grande península, até a ponta de Monte Serrate (pequena península dentro da maior), e a praia de Itapagipe [Tapagippe], fica o ancoradouro, bem abrigado de todos os ventos e em lugar desimpedido, havendo espaço para que se possam reunir sem confusão todas as esquadras do mundo.

Contemplando-se esse tranquilo e vasto lago, como se poderia chamar, rodeado de terras exuberantemente ricas em produtos naturais, quer para as utilidades do homem quer para o supérfluo, e situado quase ao centro do globo habitável, sente-se que foi feita pela natureza para tornar-se o empório do universo.

A cidade da Bahia fica ao lado direito do golfo, e a terra, a pequena distância da praia, ergue-se abruptamente, formando uma elevada cercadura de montanhas, no alto das quais a cidade está construída, com exceção de uma única rua, que corre paralela à praia. A desigualdade do terreno e a intromissão das lavouras fazem com que a cidade ocupe um espaço considerável. As construções datam principalmente do século XVII, sendo mal feitas, e, devido à fragilidade dos materiais