Narrativas de uma viagem ao Brasil

A cidade é protegida por um certo número de fortes e baterias; mas, com exceção de um, que possui dezoito canhões, o de São Filipe, e do Forte do Mar, são quase inúteis, por falta de munição. Como a defesa atual repousa inteiramente no último desses fortes, irei descrevê-lo minuciosamente, contentando-me em dar uma notícia superficial sobre os demais.

O Forte do Mar foi construído por volta de 1600, sobre um pequeno banco de rochas da parte interna da baía, a três quintos de milha da praia. Foi, a princípio, erguido em forma circular. Mas, quando os holandeses entraram na Bahia, em 1624, foram tão molestados por ele, durante a tentativa de se apoderarem do lugar, que as autoridades julgaram-no merecedor de fortificações adicionais, completando-o até tomar o aspecto que hoje tem, com uma torre elevada, a qual foi circundada por extensa bateria inferior. O diâmetro do conjunto é de uns duzentos e setenta pés, e o da bateria superior mede cerca de cem. A bateria inferior está montada com vinte e nove canhões, alguns dos quais de quarenta e duas polegadas, nenhum deles tendo menos de vinte e quatro. A bateria inferior contém somente dezesseis, consistindo em canhões de vinte e quatro ou de dezoito polegadas. A torre ergue-se à altura de uns vinte e cinco pés, do nível da bateria inferior. O forte não é um todo maciço, mas possui várias partes, que se irradiam do centro, sendo empregados como depósitos de pólvora, projéteis de artilharia, etc., servindo também de alojamento à tropa. A torre superior é pavimentada de lajes, cuidadosamente cimentadas, formando uma inclinação, de modo que água da chuva, coletada no centro, desce através de uma grade e cai num vasto reservatório, o que proporciona água suficiente para a guarnição, durante seis meses, sem qualquer outro suprimento.

A residência do comandante, bem como algumas salas para prisioneiros militares ou de Estado, ficam situadas na bateria superior, próxima à rampa da entrada do forte, que dá para o mar.

A guarnição completa é de quinhentos homens, mas poucos permanecem de serviço, como mencionei, a fim de evitar despesas. As embarcações geralmente ancoram entre o forte e

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