Narrativas de uma viagem ao Brasil

tais frades de Jerusalém não se limitavam, absolutamente, aos prazeres da mesa.

A receita do Governo provém em parte dos elevados direitos cobrados sobre todas as mercadorias, quer para a importação, quer para a exportação. Os direitos de importação elevam-se a trinta por cento; os de exportação também são pesados, principalmente os que incidem sobre o fumo, na realidade um monopólio real. Mas a principal fonte de receita governamental é a produção das minas de ouro e de diamantes, e a que provém do pau-brasil, que passam exclusivamente por suas mãos, sendo espantosamente elevadas. Esse assunto, porém, é tão cuidadosamente posto à margem de quaisquer indagações, que se torna impossível calcular o montante do lucro obtido, ou fazer uma estimativa do valor que representa para a Coroa esta opulenta colônia(*) Nota do Autor.

Mantém a Bahia um comércio assaz considerável, devido às suas superiores vantagens locais, não à operosidade de seus habitantes. As principais trocas são efetuadas diretamente com Lisboa e o Porto, nas quais uns vinte navios de grande porte são empregados, realizando eles suas viagens com bastante rapidez. Esses navios abastecem a colônia de manufaturas europeias e indianas, bem como de vinhos, farinha, bacalhau, manteiga, queijo holandês, e outras mercadorias. Em troca, recebem algodão, açúcar, aguardente, café, fumo, pau-santo, mogno, pau-cetim, tulip-woods, várias resinas, bálsamos e raízes medicinais, o que deixa considerável margem de lucro em favor de Lisboa. Os baianos têm permissão de importar seus próprios escravos e de trazer, nos mesmos navios, diversos artigos africanos, tais como cera e ouro em pó, que obtêm em troca de estampados grosseiros de algodão(**) Nota do Autor, aguardente(***) Nota do Autor e fumo. O preço de um escravo, no Brasil, é de aproximadamente trinta libras esterlinas.







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