O comércio interno dos baianos com as regiões afastadas da colônia é igualmente considerável e extenso: com o sul, de modo especial, sendo muito lucrativo o do Rio Grande, dada a maneira indolente e irregular na qual é conduzido. Uns quarenta navios, de duzentas e cinquenta toneladas cada um, acham-se nele empenhados; raramente completam suas viagens em dois anos, embora a distância seja apenas de vinte graus ao sul. Transportam quantidades insignificantes de aguardente, açúcar, louças e artigos europeus (principalmente ingleses e alemães), que trocam, em sua maior parte, excetuado o sal, num comércio de contrabando com os espanhóis de Maldonado e Montevidéu, recebendo em prata. Durante esse tráfico, ocupa-se a tripulação em carregar o navio com carne-seca e couros, produtos do bom gado existente nas savanas vizinhas do Paraguai. Depois de abatidas as reses, sua carne é cortada em pedaços finos, de uns dois pés de comprimento, salgada, secada ao sol e defumada, sendo os couros curtidos ao mesmo tempo.
Quando os navios chegam à Bahia, vendem a carne a bordo, no varejo, a dois vinténs a libra. Ela é comprada principalmente pelas classes inferiores da população, sendo também utilizada para consumo dos escravos e dos navios. Dispondo, assim, de sua carga, ao invés de desembarcá-la, fica um navio retido no porto cinco meses, às vezes mais tempo. Assim que, três viagens poderiam ser feitas no prazo de uma, considerado o tempo perdido no Rio Grande.
O comércio realizado nas imediações da Bahia, grande parte do qual com o interior, é realmente espantoso. Oitocentas lanchas e sumacas de vários tamanhos, trazem diariamente sua contribuição para o comércio com a capital: fumo, algodão, drogas diversas, de Cachoeira; o maior sortimento de louça comum, de Jaguaripe; aguardente e óleo de baleia, de ltaparica; farinha e peixe salgado, de Porto Seguro; algodão e milho, dos rios Real e São Francisco; açúcar, lenha e legumes, de todos os lugares. Uma riqueza, em grau desconhecido na Europa, é assim posta em circulação. E seria consideravelmente aumentada se, até mesmo com a negligente nação que hoje o explora, o país tivesse permissão para exercer