apresentado na introdução que vem a seguir) poderão ser facilmente evitados todos os aborrecimentos causados por esse motivo.
Para tornar mais leve o enfadonho caráter pessoal do seu trabalho, o autor entremeou-o de algumas descrições do país, seus habitantes e costumes; acrescentou breve notícia de duas de suas maiores províncias, cenário imediato em que se verificaram as ações que tem de expor.
Não obstante haverem sido recentemente publicadas narrativas de muitas viagens, e malgrado o progresso dos conhecimentos geográficos conseguidos pela ciência, permanece o Brasil, de certo modo, desconhecido para o mundo em geral: todas as tentativas visando a obter dados a seu respeito são zelosamente reprimidas pelo Governo Português, na própria colônia e na Europa. No transcurso de um século, a partir do descobrimento do Brasil, revelaram-se infatigáveis os missionários jesuítas em seus esforços no sentido de adquirir algum conhecimento sobre o interior do país, seus produtos animais, vegetais e minerais; e os descobrimentos que realizavam, cada ano comunicados pormenorizadamente ao Colégio da Bahia, eram impressos nas crônicas da Ordem, constituindo, assim as bases de todas as publicações sobre essa parte da América do Sul, que posteriormente vieram a lume. Dispunham os padres de vasto sistema de comunicações, graças à correspondência que mantinham com todas as partes da América do Sul, especialmente com seus irmãos de ordem, no Peru e no Paraguai. Com o grande acervo de informações que possuíam os diversos Superiores, teriam elaborado, afinal, trabalhos mais completos e científicos. Mas o ciúme fatal do Governo matou o projeto nascente: em fins do século XVIII, foi proibido o seu prosseguimento, não sendo permitida qualquer ulterior publicação sobre a matéria. Ainda assim foram enviados ao Colégio alguns relatórios secretos, e nele arquivados; mas estão provavelmente perdidos para o mundo porque jazem indiscriminadamente sepultados entre um sem-número de outros manuscritos, em sala adjacente à antiga sede da Ordem na Bahia, onde têm permanecido, nestes últimos quarenta anos, inteiramente relegados ao abandono, encontrando-se, agora, em estado de rápida deterioração, a desfazer-se em pó. Esquecidas e