PREFÁCIO
O livro de Tomas Lindley é reputado, com razão e sem favor, um apreciável depoimento de estrangeiro sobre o Brasil colonial.
Ao reparar a grande cópia de comentários depreciativos que não escasseiam em suas páginas, e que atribui às expansões do mau humor de um contrabandista perseguido pelas autoridades, nota Afonso d'E. Taunay que nem por isso o inglês escrevera uma diatribe contra o Brasil, contendo a Narrativa, de agradável leitura, muita cousa interessante(*) Nota do Autor. De Capistrano de Abreu e Eduardo Prado ouvira sobre ela palavras de real apreço.
Arrola Varnhagen o trabalho de Lindley entre os "passeios pelo país ou viagens parciais de muitos estrangeiros e escritos de outros publicados na Europa" (História geral, ed. Capistrano-Garcia, vol. V, São Paulo, 1936, p. 274), mas não lhe dá especial destaque como, aliás, procede quanto a Koster, Waterton, Swainson, Caldeleugh, Leithold, Grant.
Rodolfo Garcia anotando Varnhagen também se abstém de qualquer comentário ou crítica assinalando tão só ter sido o autor da Narrativa "o primeiro inglês, no século XIX, que deixou depoimento escrito de sua estada no Brasil".
Entre estrangeiros o livro não tardou em ser estimado.
Impresso em 1805, um ano depois saía do prelo uma tradução francesa (por François Soules, Paris, 1806) e outra alemã (Weimar, 1806), não demorando o aparecimento da segunda edição inglesa (Londres, 1808).