como eles; pintam-se com suas tintas pretas e vermelhas, adornando-se com as penas dos pássaros, andando nus as vezes, só com uns calções e finalmente matando contrários, segundo o rito dos mesmos índios e tomando nomes novos como eles, de maneira que não lhes falta mais comer carne humana, que no mais sua vida é corruptíssima..."
Como o português, não faltou sequer ao francês, outra afinidade, a do amor à mulata (ou mesmo da negra — claro que preferencialmente negra mina). Em cronistas como o Sr. Charles Expilly, está claramente assinalada a paixão por essa ressurrecta "moura encantada".
Todavia, essa é uma face da medalha, a em que se insculpe o drama das relações do francês com o índio. O entendimento claro dos franceses com os tamoios simbólico dessa afinidade que não tem sido suspeitada na sua justa medida. A não ser, parece-nos, no caso de um Afonso Arinos de Melo Franco que elabora uma tese tendendo demonstrar a influência do índio brasileiro sobre a Revolução Francesa, ou mais especificamente na gênese da teoria da bondade natural.
Por outro lado, temos que se o índio fascinava o francês, o francês não entendia de fascinar-se pelo brasileiro de raiz europeia com que por nossa terra ia travando o seu comércio. Aqui o processo aculturativo assumiu sentido contrário. O brasileiro branco ou brancoide é que se deslumbrara aos padrões de vida do francês, este mesmo francês que numa primeira fase entendia de virar índio. Não vamos retomar o velho lugar comum do deslumbramento nosso perante os modelos alienígenas, ou mais especificamente os franceses. Baste-nos assinalar como o livro de Macedo é importante à caracterização desse tipo de influência. Ele por assim dizer dá-nos uma história em grande parte francesa, não da cidade, mas de uma rua da cidade, a Rua do Ouvidor — que é