definitivo que salvou Machado da deliquescência num lirismo, chocho e triste. E que deu ossatura a Alencar. E é claro e em certa medida ao próprio Macedo.
Sugerem-nos, todavia, as duas definições referidas ser o folhetim gênero muito mais feminino que masculino. A urbe ia sendo tomada de assalto pelos Romancistas, mas a cidade conquistada não é ainda a de Zola, com mansardas, fábricas, multidões e cortiços. Não é ainda a cidade Naturalista, mas já talvez a cidade Realista não sem impregnar-se todavia de oxigênio romântico.
A obra literária assim concebida seria muito mais o homem que a mulher. Já se disse ser Macedo um romancista de donzelas. Donzelas do corpo e do espírito, maliciou alguém. Ajuntaríamos nós que ninguém consegue fazer literatura para donzela, sem ser um pouco donzela no fundo. Nada de excessivo na afirmativa: Gilberto Freyre já teve ocasião de assinalar o caráter molemente afeminado do homem brasileiro do século passado. E a exteriorização mais clara dessa donzelice ingênita está no fenômeno do "dandismo". Vê-se pelas definições de Castro Alves e Machado de Assis ser o folhetim uma literatura de dandies.
Em Macedo a Rua do Ouvidor é descrita como se fosse uma mulher. Garridamente. Quando a imaginação personifica as coisas sob forma feminina é porque femininos são em grande escala os labirintos do subconsciente de quem põe perfume e vestido mesmo nas realidades mais viris.
Dentro dessa afeminação generalizada, compreende-se e justifica-se que Macedo, no que tange às influências francesas no Brasil, dê muito menos importância ao francês que propriamente à francesa, muito mais importância aos valores femininos presentes nestes contatos de cultura que aos masculinos — até o ponto, é claro, em que seja possível separar valores masculinos de femininos —