Lourenço, que pertencia à casa regicida dos Távoras. Seu retrato ainda se encontra no colégio onde ele é lembrado como um homem digno que "não trombeteava o que não era". Aí vivia até depois de 1818, e legou por sua morte a ermida ao Rei, sendo a mesma transformada em Seminário. Em virtude da Carta Régia de 21 de janeiro de 1820, estabeleceu-se aqui a Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, representada pelo padre Leandro Rabelo Peixoto e Castro. Definhava, entretanto, até que o atual Bispo de Mariana, que anteriormente fora um dos seus lentes, voltou como superior, encontrando um número muito reduzido de alunos. O diocesano realizou uma coleta para angariar fundos para a construção de uma igrejinha e um altar apropriado que permitisse a consagração da mesma; diz-se que o digno Prelado escolheu aqui o lugar para sua sepultura. O colégio teológico, agora bastante conhecido, ocupa uma escarpa secundária no lado noroeste do plateau, e depois da construção de casas para residência, foram pela Propaganda enviados para cá professores padres. Seu diretor é Monsenhor Michel Sipolis, que temporariamente voltou para a França; o vice-diretor é seu irmão, François Sipolis, com quem ainda nos encontraremos muitas vezes; havia ainda mais três sacerdotes, homens todos de fina educação.(17) Nota do Tradutor
O trilho que seguíamos levava-nos para cima e para baixo, sobre morros de barro, cobertos de vegetação escassa; em seguida saímos na estrada de Santa Bárbara, que é a estrada principal entre Ouro Preto e Diamantina. Esta estrada, que é a mais importante linha de comunicação da província, apresenta nesta região ótimas condições; perto da cidade de Diamantina encontra-se em estada deplorável. A direita havia um rancho, onde as palmeiras, os pés de café e os bambus, pelo seu maior tamanho, eram comprovantes de um clima mais quente.
Quando nos aproximávamos do ribeirão da Bitancourt, um rio com boa ponte, presenciamos de longe um espetáculo que nos causou estupefação. Afinal, forçando a vista, distinguimos, quais novos D. Quixotes, não moinhos de vento, mas um grupo de onze Irmãs de Caridade, com seus chapéus com asas de gaivota, montadas em pobres mulas de carga e viajando, como os romeiros de Canterbury, em fila singela, escoltadas por dois padres. Tinham sido enviadas do estabelecimento nas Laranjeiras, no Rio de Janeiro, para fundar uma casa filial em Diamantina. Paramos e dirigimo-nos a mes soeurs. Infelizmente a única irmã bonita, e que, além disto, montava bem seu animal e vestia correta saia de montar, afastou-se e não quis tomar parte em nossa conversa. M. François Sipolis, com sua grande cruz de metal sobre o peito, era o chefe do grupo e reconheceu