"carapana" e uma variedade menor, o "puim", que se delicia com a árvore "açacu" (Hura brasiliensis), também pica durante o dia.

Às 5h45min da tarde, depois de grande labuta, estafados, não nos aborreceu encontrar à margem esquerda uma clareira conhecida como Curralinho. Um pouco acima estava o córrego do Negro com uma ingazeira ornada de borlas brancas(9) Nota do Autor inclinando-se sobre a água. Um morador negro vendeu-nos uma cesta cheia de ovos de cambulhada ao preço de cinco por moeda de cobre ou penny. Vimos aqui excelente cana-de-açúcar, mamona que chegava a 15 pés de altura e magnífico algodão. Foi um excelente estudo da vida selvagem. Os gritos das aves selvagens denunciaram-nos a proximidade de algum logo na margem direita e à medida que anoitecia pudemos apreciar, através do rio, o voo do pato-selvagem e do esplêndido "colhereiro", de cor rosada.(10) Nota do Autor A lua, que em breve estará cheia, e quase obscurecendo Júpiter, ergueu-se majestosamente por trás dos contrafortes enevoados da serra da Piedade que se destacava à esquerda. À proporção que a lua subia o perfil da mata nas margens distantes recortava-se tão nítido das águas como no ar azul e tranquilo. O rio parecia dormir e sobre suas águas profundas o silêncio se estendia, apenas cortado pelo salto brusco de um peixe sobre a sua presa. As estrelas e os planetas nasciam sem a timidez de raios como nas terras setentrionais. Os raios ofuscavam o olhar pela intensidade do seu brilho puríssimo. Às vezes uma brisa fresca, vinda das terras altas, soprava para nordeste, logo seguida de um forte vento norte que passava sobre a nossa balsa sem lhe causar danos. Começava então de novo o clamor persistente do curiango e a lamúria do corvo enquanto na distância os lobos uivavam em homenagem à Rainha da Noite. Que contraste com o zum-zum sem imponência da civilização e a iluminação do gás!

13 de setembro. A manhã estava quente - 65ºF. Pusemo-nos a caminho ao despertar do sol de outono cujo disco nublado era inofensivo como na Inglaterra. Passamos então o rio Piedade cujas cabeceiras estão em terras afastadas a nordeste.(11) Nota do Autor Debaixo de sua influência o rio das Velhas se espraia numa baía que se alarga 1.500 pés e meia milha. Meu companheiro lembrou-se do rio Yazoo.(12) Nota do Tradutor As margens lisas e os bancos de areia de 15 a 25 pés de altura mostram a regularidade da ação da água. Meia milha abaixo de Piedade encontramos a cachoeira dos Dourados,(13) Nota do Autor com as rochas à esquerda. O canal do lado leste é raso. O fundo de pesados seixos causa a cachoeira. Abaixo da coroa passamos, com auxílio das varas, para o lado ocidental, raspando por duas árvores enormes na corrente.