Viagens aos planaltos do Brasil - Tomo II: Minas e os mineiros

CAPÍTULO LIV

PARÁ E GUAICUÍ

Desembarque — Os "Jiggers" — O grande "encontro das águas" — Guaicuí. Descrição: a Manga e a vila — A serrinha e sua vista — O bom delegado de polícia, Sr. Leandro Hermeto da Silva.

A descrição das cenas da natureza deleita, a dos costumes instrui.

Aquele que só deleita torna-se superficial; o que só instrui, aborrecível; casemos, pois, estas duas qualidades. A. G. Teixeira e Sousa.

Uma casa na margem esquerda manteve durante a noite uma luz vermelha que brilhava através das árvores escuras. Era outra prova de que nos aproximávamos de um centro habitado. Depois de poucos dias de vida como viajante, de liberdade, de existência ao ar livre, de sono sob o suave céu azul, de libertação das gravatas a sensação de retorno à "sociedade", não é de nenhum modo agradável. Todos o sentiram, posto que nem todos confessarão, talvez a falta de graça no esforço que isso lhes custou. A ideia de entrar numa povoação após uma jornada no campo ou no rio não é do meu gosto, como de qualquer beduíno de boa raça, que precisará tapar o nariz com algodão para evitar a atmosfera nociva. Tive pouco prazer em abandonar minha tripulação e entrar em Guaicuí.

No primeiro dia das têmporas (domingo 15 de setembro) apresentava-se como uma manhã nublada e quente, com um vento norte: sinais contraditórios. Passamos à esquerda o córrego da Tábua, que vem da serra desse nome, continuação da serra da Palma; cerca de duas milhas da boca fica um arraialzinho, ou vilota. Agora erguia-se diante de nós a serra do Jenipapo, cheia de picos. As margens semelhantes do rio chamar-se-iam na Europa de florestas. Aqui são altamente civilizadas com o coqueiro, as cabanas de roças, e as esparsas queimadas, antigas e novas. O rio alargava-se e tornava-se

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